O fenômeno do escravagismo é uma mancha asquerosa que enodoa a História, mas é um erro acreditar que ela ocorreu por conta dos escravos negros africanos.
A escravidão vem de antes de Cristo: romanos escravizavam quem não era romano, credores suprimiam as liberdades dos devedores e os vencedores tornavam cativos os perdedores sobreviventes de guerras tribais. Só com as teorias eugênicas e raciais do Século XIX, abonadas pela Igreja Católica, surgiu a crença estúpida na inferioridade racial negra, o que permitiu por algum tempo a manutenção do comércio de africanos escravizados.
Aliás, eles eram tomados escravos entre si, ainda na África. Negros vendiam negros aos traficantes de escravos que os traziam já cativos para trabalhar na recém-descoberta América. A conversinha de que europeus caçavam a laço os negros em seu continente de origem seria impossível na prática, dadas as grandes nações guerreiras que então já habitavam a África.
O primeiro homem com certeza era negro e sobre isso antropólogos e arqueólogos concordam unanimemente. Os egípcios antigos eram negros e a figura de sua lendária rainha Cleópatra somente ganhou tonalidade branca no cinema hollywoodiano. Foram os egípcios que conquistaram os judeus e os submeteram à escravidão por mais de quinhentos anos, a se confiar nos relatos bíblicos e nas reconstituições históricas.
Portanto, apelar para dívidas históricas provenientes do racista comércio negreiro é de uma imprecisão lógica e histórica que beira as raias do absurdo, como também é uma tolice defender cotas para negros em universidades e concursos públicos, principalmente em um país em que todos somos, em maior ou menor grau, mestiços.